domingo, 27 de dezembro de 2009

Sonhos

Sons, pensamentos, imagens, cheiros, memórias… tudo se mistura energeticamente na minha cabeça, tudo parece deixar-me num estado que não consigo sequer classificar.
Hoje estou preso a memórias do passado e preocupações do futuro. Sonhei com um amigo meu que faleceu no dia 22 de Junho de 2008. Ele era mais importante para mim do que imaginava, tão importante que ainda hoje desejo acordar do pesadelo que é não o ter ao meu lado. Sonhei que o encontrava, que o abraçava fortemente e perguntava como era possível estar ali. Infelizmente pouco mais ficou registado e agora que penso nisso dá-me vontade de chorar. Em menos de dois anos perdi muitos pedaços de mim, não bastava o meu melhor amigo ter morrido, como mais tarde uma das pessoas que eu mais gostava e agora por fim, o meu avô.
Será que serei em parte a causa, a ligação para que a morte esteja próxima dos que eu tanto gosto e amo? Tenho medo de pensar que sim. Toda esta panóplia de acontecimentos aumenta-me a consciência de que nem sempre está tudo bem, nem sempre somos fortes e que o nosso castelo de cartas pode cair a qualquer momento.
Tremo só de deixar vir ao de cima memórias dos dias em que parte de mim também morreu, lembro-me perfeitamente… a minha mãe a chorar, o ter de ser forte, a história do acidente, as histórias que inventaram e o esquecimento do mundo de que sofria em silencia cada vez que ouvia o nome do meu melhor amigo.
Chorei tanto. Ainda hoje não fui capaz de ir ao cemitério ter com ele, acho que tenho medo de que se for, que seja como se tivesse chegado a minha hora de o enterrar, de lhe dizer o último e não desejado adeus.
Sinto tanto a sua falta…já passou mais do que um ano e continuo a sentir-me vazio, menos completo, a chorar às escondidas, olhando para a sua imagem sem ninguém saber. É estranho ver a quantidade de músicas que eles nunca conheceram, é estranho não os ter a meu lado.
Queria lhe dizer tanta coisa, queria abraçá-lo com tanta força mas não sei como o fazer, quando o poderei fazer e se algum dia poderia fazê-lo.
É impossível esquecer cada um deles… queria tanto acordar deste pesadelo e confirmar que tudo não passou de uma partida da minha cabeça.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Monstro

Cansado... 
Sinto-me cansado. Cansado de viver, de sorrir, de ver, de ouvir, de sentir, de respirar e principalmente de pensar.
A vida dá comigo em louco, são os problemas, as dependências, o ter de salvar o mundo e o pensamento de que talvez seja o monstro que não acredito que sou.

Afasto as pessoas, não oiço, sou estúpido, sou um bronco, sou anormal. Gostava de supor que um dia vou ter uma grande casa que irá estar cheia de amigos, que vou ter filhos e uma mulher maravilhosa... mas cada vez mais tenho medo de que não passe de um sonho, um sonho que tipicamente os monstros têm para que possam não acreditar que são tão horríveis o quanto parecem. 
Sempre pensei nisso, sempre aconteceu momentos na minha vida em que uma mistura de emoções, sentimentos e palavras culminaram no fim ou no time out de uma boa amizade.
Serei sempre eu o problema? terei apenas 50% da culpa? não sei... as vezes acredito que sim embora não encontre motivos para tal.
Passo a vida sozinho, percorrendo corredores, sorrindo para conhecidos, fingindo que está tudo bem... Talvez não tenha tempo para ser eu próprio e chorar, talvez não queira mostrar o Eduardo que fica menos bonito quando chora...
Estou farto... hoje pensei algumas vezes na palavra que começa por "S" e que seria uma solução muito fraca para acabar com tudo, mas e fazendo minhas as palavras de uma pessoa: " uma coma por dia, não sabe o bem que lhe fazia". Talvez seja isso que me falta, um coma! Talvez um coma provocasse no mundo uma reacção de produção de anti-corpos contra a minha ausência e ai eu pudesse ser aquele ser solitário, diferente e anormal.
Desde uns tempos para cá, a minha relação com algumas pessoas mudou, alias tudo mudou nos últimos tempos em todos os níveis e sentidos. Zanguei-me, chateei-me, não sei... o que sei é que já não é o que era. Essa pessoa era especial para mim, especial de mais e se calhar é ai que está o problema. De um momento para o outro palavras agruparam-se em frases que se transformavam em mal entendidos, os mal entendidos passavam a discussões, as discussões traziam consigo coisas menos boas e hoje terminaram comigo a dizer que não podia mais. 
Talvez tenha errado nesse ponto, mas se as coisas têm de ser tão fixas para uma coisa, supostamente também são para outras... Ninguém desabafa com pessoas que não nos são próximas e que não são psicólogos.
ue o álbum da minha alma tinha de incluir como faixa este fado horrível, que fala em problemas atrás de problemas, de mortes, tristezas, solidão! Porquê?Dá-me raiva! Porque sempre comigo? 
Devia estudar, mas o meu distúrbio mental neste momento é tão grande que primeiro tenho de saber como está a outra pessoa e já nem me apetece nada mais...

domingo, 25 de outubro de 2009

Puff

Existe momentos em que me apetecia apenas desaparecer, esconder-me num cantinho bem escuro, sentado no chão à espera que tudo acabasse.
Detesto quando olho para mim e me vejo como um ser impotente e desastrado, detesto quando fico cansado de ser eu.
Tenho o meu avô doente, a minha mãe triste tentando ser forte para não chorar, o meu pai a dizer que "por norma" alguém naquelas situações não se aguenta muito mais e eu não só impotente para mudar a situação como também resolvo bater contra o portão da garagem dos meus primos.
Não bastava tudo o que se está a passar, a pressão das avaliações, a situação do meu avô, tudo, eu tinha logo que ir bater contra o portão!
Hoje se eu pudesse ia para bem longe! Estou tão cansado... cansado de em cada momento que pretendo esboçar um sorriso algo mau aconteça e me envergonhe...

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

5 de Outubro

5 de Outubro de 1989... neste dia nasceu um ser que o destino quis que fosse um grande amigo meu, talvez dos melhores e mais leais que já tive apesar de tudo.
Hoje, ou melhor ontem, ele deveria ter feito 20 anos. Não o fez por um simples motivo, já não se encontra a meu lado ou neste mundo onde os vivos correm de um lado para o outro, discutem por tudo e por nada ou simplesmente andam loucos!
Já passou mais de um ano desde a sua morte, mas o que é certo é que o dia de ontem deixou-me novamente em baixo, com saudades do seu sorriso, das suas "bocas" ou simplesmente daqueles segundos em que andava-mos à porrada e terminávamos com um abraço da amizade.
Choro, tento fazer me de forte mas por dentro o meu coração e a minha alma estão varridos em lágrimas, adorava poder pegar no telemóvel e ligar-lhe ou mandar uma mensagem a dizer: Feliz Aniversário... mas... já sei que ele não vai responder...
Custa-me tanto! Existe tanta coisa que eu gostaria de lhe contar, de lhe pedir concelhos ou apenas de estar com ele e já não posso...
Volto a sentir-me como um desconhecido que pisa pela primeira vez as pedras da calçada que sempre pisou, sinto-me como um pequeno ser, isento de vida, sabor, tempo, visão, tudo!
Sinto-me cansado... este dia faz-me estar cansado de viver... às vezes não sei se me apetece continuar sem este amigo a quem meter na guest de uma festa ou simplesmente dar aquele abraço tipicamente nosso.
Sinto a tua falta Mário Silva.... e este dia nunca mais será o mesmo desde que foste...

domingo, 27 de setembro de 2009

Algo que marcou a minha história como anormal

Porque quando nada parecia fazer sentido, alguém me escreveu esta música num papel e disse que sentia o mesmo...


Sometimes I get so weird I even freak myself out I laugh myself to sleep It's my lullaby Sometimes I drive so fast Just to feel the danger I wanna scream It makes me feel alive Is it enough to love? Is it enough to breathe? Somebody rip my heart out And leave me here to bleed Is it enough to die? Somebody save my life I'd rather be anything but ordinary please To walk within the lines Would make my life so boring I want to know that I Have been to the extreme So knock me off my feet Come on now give it to me Anything to make me feel alive Is it enough to love? Is it enough to breathe? Somebody rip my heart out And leave me here to bleed Is it enough to die? Somebody save my life I'd rather be anything but ordinary please. I'd rather be anything but ordinary please. Let down your defences Use no common sense If you look you will see that this world is a beautiful accident, turbulent, succulent opulent permanent, no way I wanna taste it Don't wanna waste it away Sometimes I get so weird I even freak myself out I laugh myself to sleep It's my lullaby Is it enough? Is it enough? Is it enough to breathe? Somebody rip my heart out And leave me here to bleed Is it enough to die? Somebody save my life I'd rather be anything but ordinary please Is it enough? Is it enough to die? Somebody save my life I'd rather be anything but ordinary please. oh I'd rather be anything but ordinary please.

Cego...



Por vezes o coração não quer ver, outras vezes são os olhos que não enxergam o que está mesmo à nossa frente e é tão óbvio!
Fala-se em sinais, em tocar indiscretamente, em estar com pessoas, mas depois... nada acontece, a cabeça fica confusa e os olhos necessitam de hidratação.
Mais uma vez se fica sozinho, apenas um corpo cansado procurando saber se deve contar, se deve avançar ou se deve esperar pelo meio da frase certa para beijar os lábios de alguém. Mas e se esses lábios não forem os certos? Será que vale a pena andar a misturar sentimentos e emoções para que no fim tudo acabe ou quem sabe pior algo bom que existe?
Perguntas surgem buscando a resposta: "sim, estou interessado em alguém", ou "sim, tenho alguém", infelizmente ou felizmente, não sei, a resposta é sempre a mesma: Ainda não.
Depois penso, como poderá um ser como eu vir a ter alguém? como será uma coisa como eu com alguém?
A maioria dos jovens procura alguém e imagina-se com a mulher dos seus sonhos. Eu também me imagino, mas tenho sempre o medo que não passe de uma mera mistura de hormonas estranhas e de receptores dopaminérgicos que me faz imaginar aquela rapariga perfeita.
Esquecendo agora o mundo encantado dos sonhos, passemos a algo que também incomoda este conjunto estranho de neurónios anormais que dominam o meu ser.
Pretendo mudar. Mudar de turma, mas mais uma vez tenho medo. Dou-me super bem com o pessoal, melhor do que com os restantes, mas depois sinto que vou ser como uma ave tropical trazida para Portugal. Podem todos gostar das minhas penas ou do que digo mas serei sempre algo fora do normal. Tenho medo de não ser aceite, tenho medo de perder amigos no outro lado, não sei! São muitos pensamentos, muita coisa a acontecer e eu sou só e apenas um! Um pequeno anormal em busca do significado de normalidade.....

sábado, 5 de setembro de 2009

E agora?

Dúvidas...
Dúvidas é o que tenho, ou melhor, não sei se são dúvidas se são falta de certezas.
Neste útimo mês, aquele homenzingo, de capa negra e foice enorme rondou as minhas bandas. Levou-me um amigo e tentou levar-me o meu avô por quatro vezes.
Quanto ao meu amigo, ainda me é estranho pensar que tal possa ter acontecido, é estranho pensar que não o tenho fisicamente comigo, que não o vou encontrar ou simplesmente ouvir... com o meu avô é algo mais estranho ainda.
Agora que penso nisso, acho que o meu avô nunca foi aquele tipo de pessoas à qual se ligamos, não sei.
Soube do que lhe aconteceu, fiquei transtornado como é óbvio, quase que chorei, mas não o fiz... Não sei se é por entoar na minha cabeça o pensamento de que pouco ele deu à minha mãe ou do que é que é...mas o que devia sentir não sinto com a intensidade que devia.
Recordo-me de quando soube que a minha avó tinha Parkinson... chorei até mais não.
Acho que o que me abala é saber que não somos imortais, que as pessoas que temos à nossa volta não são de ferro e que podem cair a qualquer momento.
O meu avô está agora no Lar, não que não o queiramos em casa, mas sim porque é o melhor para ele. Destas quatro vezes que teve principios de AVC estava pessoas em casa que o socorreram.. e se não tivessem? Agora por um lado quero ir vê-lo, por outro tenho medo, receio, sei lá! Não quero...
Recordo-me, embora mal, de um tio que adorava que por lá esteve. Penso que a última memória que tenho dele é numa cama daquele lar, em mau estado fisico e mental (devido ao que lhe deu e não a maus tratos).
Acho que isso me faz ter medo. Como será que será o momento em que lá apareça? como irá ele reagir? que devo dizer? pensar?
Pois não sei. Por mais voltas que dê apenas penso que não estou preparado contudo sei que em breve terei de o fazer. Terei de ir lá vê-lo.
Oiço que ele está melhor, tais sons animam-me. Saber que ele tem amigos com quem falar, que o tratam bem e que caso aconteça algo que estará lá alguém para o socorrer também me deixam mais aliviado... Mas como será viver lá? como será chegar a idade de 85 anos e mudar tudo e ir para um local onde, para além de serem todos da minha idade, muitos deles estão "loucos"  ou de tal forma doentes que mete dó.
Depois no meio de tudo isto tenho a maravilhosa biologia celular e molecular, a qual quero e tenho de passar mas que não me consigo concentrar porque simplesmente tudo em volta (embora tente e queira) e diz que não dá.
Vou tentar...

domingo, 30 de agosto de 2009

O primeiro post - o primeiro pensamento

Quando todo o mundo em minha volta diz: tens de ver o meu blog... porque não querer ser como todo o mundo e fazer um para mim?
Sempre adorei escrever, sempre escrevi apenas para mim ou para pessoas mais especiais e sempre considerei a escrita uma forma de libertar o meu pensamento.
Hoje dou por mim, não só preocupado porque tenho dois exames de Biologia Celular e Molecular para fazer como também "vago".
A cada dia que passa, cada molécula muda para uma nova conformação. Os tempos em que era mais jovem e me imaginava eterno acabaram. Tudo parece ter um tempo...tudo parece mudar. Ontem era um simples jovem que abandonou a terrinha em busca de um sonho, deixando para trás amigos que sempre pensei ter presentes na despedida de solteiro, no casamento, nas churrascadas, na minha vida no geral.
Hoje acordo sem o meu primeiro melhor amigo e penso nisso constantemente, acordo sem uma pessoa que admirava bastante e isso incomoda-me, acordo sentindo-me menos inteligente e com medo de não ter sucesso e acordo pensando no futuro.
Penso no futuro onde quem me viu nascer na Egas Moniz será finalista e eu não, num futuro onde doí pensar que não os vou encontrar do meu lado nos corredores, esplanada, bar ou refeitório.
Todos eles são pessoas especiais para mim, mas é esse facto de serem especiais que também me deixa com medo, medo de as perder um dia, de as perder para sempre...
Talvez sempre tenha tido esse medo, acho que lutei tanto pelo que tenho hoje que ainda não acredito que possa ser verdade. Sou um tolo.
Por vezes não sei o que dizer ou pensar e para não variar muito, tenho medo que isso seja o suficiente para os afastar de mim.
Enfim...a vida é confusa... e para não me sentir tão confundido ou estranho, mergulho em trabalho e obrigações. Procuro fazer grandes actividades e acontecimentos, procuro deixar a minha marca, porque por mais mortal que seja, acredito que as marcas possam ser imortais.
As vezes, na escuridão, imagino como seria se tudo fosse diferente... se não tivesse o telemóvel que tanto detesto, se não tivesse a internet que me rouba tempo ou a televisão que me mete a sonhar sempre no final de cada filme.
Pergunto-me se todos pensam como eu? ou se serei apenas diferente, fora do que se considera normal.
No entanto, apesar de toda esta "estranheza" com a qual me autocaracterizo, gosto de ser quem sou, acho que aprendi a viver o eu que sou. Acho que aprendi a suportar percas, desgostos e a solidão momentânea e isso assusta-me, faz-me sentir gelado. Contudo, tão depressa esse gelo derrete e deixo escorrer as lágrimas que acumulei durante tanto tempo.
Procuro tornar-me uma boa pessoa, não deixo que conversas me levem a tomar partidos, procuro factos concretos e detesto quando me sinto enganado ou usado. No entanto, estranhamente aceito, porque não só aprendo com isso como também quem me usou ou enganou, provavelmente terá ficado feliz.
Enfim... acho que está na altura de respirar fundo uma vez mais e procurar enfrentar o mundo dos livros...
Até-já!